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Segunda-feira, 25 Novembro, 2024

Exposição em Bauru evidencia a história da hanseníase

O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, apresenta a exposição “Histórias Cruzadas, Caladas, Curadas”, concebida exclusivamente para o Museu do Instituto Lauro de Souza Lima, em Bauru. Sob curadoria do museólogo Rodrigo Santos, da historiadora Renata Gava e da museóloga Olga Susana Costa Coito e Araújo, da Engenho Cultural Assessoria e Consultoria, a mostra é uma realização do Programa de Ação Cultural Expresso (ProAC Expresso). As visitas podem ser feitas a partir de 15 de janeiro, por meio de agendamento.

Para a produção do material, que se incorpora ao acervo permanente do Museu do ILSL, os pesquisadores recorreram a fontes documentais e bibliográficas, assim como materiais acadêmicos, e colheram informações com agentes envolvidos direta e indiretamente no assunto. “Este acervo tem importância única, científica e cultural e retrata o percurso da política de saúde pública implantada no Brasil no combate a uma das doenças mais antigas da humanidade”, diz Renata Gava.

Segundo a historiadora, a exposição possui a proposta de nova comunicação museológica, com roteiro de visitação e instalações permanentes adequados à acessibilidade para pessoas com deficiência. Há, ainda, legendas bilíngues e em braile e acessibilidade comunicacional com audiodescrição e legenda de filmes. Os textos e as imagens serão apresentados de forma lúdica e os recursos digitais contam com texto para audiodescrição e legendas nos vídeos.

O material evidencia a história da doença, sua chegada ao Brasil e no estado paulista, como ainda reflexões sobre o contexto social e os impactos na vida dos indivíduos, familiares e sociedade. “O nosso trabalho foi o de reformular a expografia já existente, constituída por exposição de conteúdo, de ideia e de forma”, acrescenta Susana Costa, ao lembrar da capacitação do setor educativo do museu, com técnicas de mediação cultural e de educação patrimonial compartilhada.

A exposição é fruto do projeto Acesso ao Patrimônio Cultural em Saúde Pública no Interior Paulista, concurso do Programa de Ação Cultural Expresso destinado a apoiar 13 iniciativas, sendo oito no interior e no litoral, que visem à modernização de museus, arquivos e acervos dos mais diversos portes no Estado de São Paulo. Ela é realizada com o apoio do Sistema Estadual de Museus (Sisem-SP), instituição ligada à Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.

“O Museu possui estrutura e acervos riquíssimos, reunidos nos últimos 20 anos, mas não possui ainda legalização funcional. Deste modo, o aporte de recursos pelo projeto do ProAc tem sido fundamental para auxiliar o Instituto na divulgação do acervo, reunido com tanto esforço. O projeto não é só importante pela disponibilização de recursos financeiros, mas, principalmente, por permitir que este trabalho de reorganização da exposição seja realizado por profissionais altamente capacitados, o que certamente contribuirá para reforçar a estrutura de nosso Museu”, disse Patricia Sammarco Rosa, diretora da divisão de pesquisa e ensino no Instituto Lauro de Souza Lima.

Rodrigo e Renata fizeram um levantamento sobre a origem do Asilo Aimorés, que a partir de 13 de abril de 1933 recebeu pacientes por meio do isolamento compulsório. Sua área era composta por um terreno de 400 alqueires, adquirido com doações de vários municípios, e dividida em três zonas: a doentes, a intermediária (para funcionários e suas famílias) e a sã, para equipe técnica, médicos e administrativo, estudantes de medicina e convidados da diretoria.

A instituição se tornou modelo entre as existentes, pois havia tudo de mais moderno para o período: planejamento arquitetônico, pedras portuguesas, espaços arborizados e jardins planejados. Além disso, os pesquisadores resgataram as datas importantes relacionadas ao asilo, como se dava o lazer entre os internos e as formas de praticarem sua religião, as mudanças no tratamento da doença, até o processo que tornou o Instituto Lauro de Souza Lima referência mundial em dermatologia e hanseníase nos dias atuais.

Chamada como lepra até a década de 70 no Brasil, a hanseníase era carregada de estigmas e foi associada ao pecado. Além de Bauru, o estado paulista contava com quatro asilos-colônias, que obrigavam o isolamento compulsório dos pacientes: Mogi das Cruzes (em 1928), Guarulhos (1931), Itu e Casa Branca (ambos em 1932).

A Engenho Cultural Assessoria e Consultoria é uma empresa que desenvolve ações nas áreas de cultura, museu e patrimônio, para gestores do setor público e da iniciativa privada. Em 2017, foi contemplada com edital Difusão de Acervos Museológicos, também do ProAC, que permitiu a circulação da exposição “Porta, Porteira e Portão – Modos de ‘Falarrr’ e Costumes do ‘Interiorrr’”, nas cidades de Santa Bárbara d’Oeste, Campinas, Cordeirópolis, Holambra, Atibaia e Itapira.

SERVIÇO – Exposição “Histórias Cruzadas, Caladas, Curadas”, no Museu do Instituto Lauro de Souza Lima (entre os kms 225 e 266 da rodovia Comandante João Ribeiro de Barros, no distrito industrial Marcus Vinícius Feliz Machado). Visitas de terça-feira a quinta-feira, das 8h às 13h, apenas por agendamento, pelo e-mail [email protected].

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