A adoção de mecânicas de jogo em plataformas de vendas online – algo que até pouco tempo era visto apenas como uma curiosidade – vem se firmando como uma estratégia relevante no marketing esportivo. Um exemplo que ilustra este movimento é o Box da Fiel , iniciativa da Gamecomm que busca unir entretenimento, experiência de marca e, sobretudo, novas possibilidades de monetização para o Corinthians. Em pouco mais de dois meses, a plataforma ultrapassou a marca de 120 mil caixas virtuais abertas , revelando o potencial de um modelo que cresce na intersecção entre esporte, consumo e tecnologia.
Ferramenta de Experiência de Marca
A essência do Box da Fiel é uma experiência criada a partir de um e-commerce gamificado. Em vez de simplesmente adquirir produtos oficiais do clube, o consumidor compra créditos para abrir “caixas” virtuais, que podem conter itens licenciados autografados, passaportes VIP ou até vivências especiais na arena. Na avaliação de Nilton Bernini , CEO da Gamecomm, trata-se de um formato que expande o relacionamento tradicional clube-fã.
“A ideia é levar ao torcedor uma experiência mais imersiva e emocionante, dando a ele a sensação de participar de algo único — não apenas comprar um produto, mas se conectar de forma ativa ao universo do time”, explica o executivo.
Inovação como pilar de receita
Segundo Nilton Bernini, o Box da Fiel foi concebido para trazer receitas adicionais ao Corinthians sem competir com outras frentes, como sócio-torcedor, bilheteria ou patrocínios regulares. “Cada caixa vendida gera receitas para o clube, mas também movimenta uma cadeia que inclui licenciados, influenciadores e, claro, o torcedor, que leva um benefício real para casa”, ressalta. O sucesso da iniciativa fez com que a Gamecomm desenhasse planos de internacionalização, com conversas em andamento junto aos clubes da Europa, Ásia e América .
Mercado em Transformação
A iniciativa corintiana não está sozinha nesse movimento. No exterior, plataformas como Socios.com (fan tokens) e NBA Top Shot (colecionáveis digitais) também investem em modelos de fidelização e engajamento, cada qual com sua abordagem. Para especialistas, o que essas experiências têm em comum é a busca por uma conexão mais profunda entre marca e torcedor, agregando valor ao ato de consumir. “Estamos mudando a forma de comercializar produtos esportivos, mas principalmente redefinindo como o público participa da história do clube”, destaca Bernini.
Perspectiva de evolução
No caso do Box da Fiel, a proposta passa por refinar cada vez mais a gamificação e, futuramente, incorporar recursos como realidade aumentada para aumentar a sensação de imersão. “A ideia é tornar o processo de compra mais lúdico e prazeroso, em sintonia com a cultura do futebol. Queremos que o torcedor seja recompensado não apenas financeiramente, mas também pela experiência que vive ao abrir cada caixa”, afirma Bernini.
Conexão com o Marketing Esportivo
Para o mercado de marketing e publicidade, iniciativas como essa sinalizam uma tendência de valorizar a experiência e o entretenimento como formas de atingir públicos que nem sempre se envolvem com modelos tradicionais de propaganda. No futebol, em que a emoção desempenha um papel fundamental, o impacto pode ser ainda maior.
“O Box da Fiel cria uma ligação emocional contínua: o torcedor não depende de um dia de jogo para se envolver, pois está abrindo novas caixas e descobrindo prêmios, o que fortalece o vínculo com o clube de maneira orgânica”, ressalta Bernini.
Olhar para o futuro
A Gamecomm mira expandir o modelo para outros clubes e modalidades, com Bernini destacando o potencial de crescimento global. “Há um interesse latente em projetos que sejam ao mesmo tempo sustentável financeiramente e estimulantes do ponto de vista do consumidor”, observa. Ele reforça que o Brasil, por sua paixão desmedida pelo esporte, surge como um polo de inovação nessa seara.
Se a tendência vai se consolidar definitivamente ainda é cedo para cravar. Mas, ao que tudo indica, a gamificação e o futebol parecem caminhar juntas em direção a um futuro em que o torcedor não é apenas um comprador eventual, mas um participante engajado — e cada caixa aberta reforça a prova de que essa dinâmica pode gerar resultados tanto em engajamento quanto em receita.